Da parte alta ao centro de Maceió é
notória a popularização dos ciclomotores de cinquenta cilindradas, mais
conhecidos como “cinquentinhas”. Nos municípios do interior do estado
essa popularização é ainda maior e os veículos parecem ser o principal
meio de transporte da população.
O problema é que o número de
cinquentinhas regularizadas em Alagoas é insignificante. Apesar de não
ter o controle ou uma estimativa da quantidade de cinquentinhas nas ruas
de Alagoas, o Departamento de Trânsito do Estado (Detran) aponta apenas
38 ciclomotores estão emplacados e devidamente regularizados. E os
condutores que não se adequaram já começarão a ser notificados a partir
de julho.
Em meio a protestos e reclamações, no
último mês de maio, a Superintendência Municipal de Transportes e
Trânsito (SMTT) de Maceió deu um ultimato para os condutores das
cinquentinhas se regularizarem de acordo com o Código Brasileiro de
Trânsito (CTB) antes de começar a confiscar os ciclomotores.
De acordo com o órgão, são 29
cinquentinhas emplacadas em Maceió, três em Arapiraca, uma em Atalaia,
uma em São Miguel dos Campos, uma em Palmeira dos Índios, uma em Santana
do Ipanema, uma em Matriz de Camaragibe e uma em União dos Palmares.
Apesar disso, o Detran não registrou
nenhum requerimento para emissão da Autorização para Conduzir Ciclomotor
(ACC) ou registro de emplacamento. O prazo acaba no dia 30 de junho.
Condutores reclamam de preços
“Eu não vou emplacar a minha cinquentinha de jeito nenhum”, afirmou o mecânico Walter José da Silva, que trabalha
em uma loja no Centro. Ele afirma entender a importância da
regularização de acordo com o CTB, mas não concorda com as exigências
para o procedimento.
“Eu dirijo essas cinquentinhas desde os
10 anos de idade. Sou a favor dos emplacamentos, porque é uma segurança
até para a gente, já que as mobiletes sem placas são mais visadas pelos
ladrões. Também sou a favor dos condutores respeitarem as leis do
trânsito e limite de transporte de passageiro, mas o preço que eles
estão cobrando para emplacamento e IPVA é um absurdo”, reclamou.
Walter contou à reportagem do G1 que na
última vez em que foi ao Detran o atendente queria lhe cobrar o
retroativo do tempo em que ele ficou sem pagar o IPVA do ciclomotor.
“Minha cinquentinha é de 2009, então ele queria me cobrar todos esses
anos até hoje. Para mim ia ficar muito pesado.
Além de tudo o preço para tirar uma ACC é
quase o mesmo valor para tirar a habilitação na categoria A, só que
isso não é uma motocicleta”, afirmou apontando para sua placa
personalizada que usa como acessório. A placa “de mentira” tem apenas
números, não chega a ser uma falsificação das placas do Detran.
Já Adriano Gomes dos Santos, 25, faz
bicos na capital alagoana e utiliza a cinquentinha como meio de
transporte. Segundo ele, a falta de escolaridade é um problema na
emissão da ACC. “Não tenho estudo para dar entrada e fazer a prova para
tirar a ACC, mas sei que o significado de cada placa. A maioria das
pessoas que usa cinquentinha é de baixa renda que nem eu e não tem condições de pagar esse valor cobrado”, afirmou.
Impasse entre Município e Estado
A complexa situação vem causando uma
contradição entre as entidades executivas de trânsito do Município e
Estado, que trabalham em convênio na fiscalização, atuação e aplicação
das penalidades no trânsito de Alagoas.
Enquanto a SMTT afirma que o prazo para
regularização será mantido até o dia 30 de junho, o Detran esticou a
data em prol dos condutores.
Consultado pela reportagem do G1, o
Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), apontou o interesse do Estado em
perdoar as dívidas retroativas do IPVA e só cobrar o imposto a partir
da data de emplacamento do veículo.
“O IPVA é R$ 64 mais 2% do valor da nota
fiscal do ciclomotor. Cobrar os anos retroativos realmente ia pesar,
pois sabemos que os condutores das cinquentinhas geralmente são de baixa
renda”, afirmou um dos membros conselheiros do Cetran, Marcelo de
Mendonça Vasconcelos.
“Mas só podemos conceder essa anistia
quando for publicada oficialmente pela Secretaria de Estado da Fazenda
no Diário Oficial do Estado e só depois começaremos a divulgar e
intensificar o emplacamento dos ciclomotores”, completou.
O coordenador de operações da SMTT,
Zenildo Calheiros é categórico quanto à autuação dos veículos
irregulares. “O prazo não será regovado. A partir de 1º de julho
apreenderemos as cinquentinhas que não estiverem regularizadas”,
garantiu.
“Estamos cumprindo o que já é previsto há
muito tempo no Código Brasileiro de Trânsito. O condutor de
cinquentinha tem que ter ACC ou habilitação de categoria A, o veículo
tem que ser emplacado e devem respeitar o limite e idade permitida de
passageiro, uso de equipamento de segurança. Não faremos operações
específicas para apreensão de cinquentinhas, mas se pegarmos durante as
blitze nós as confiscaremos. Já passamos do processo educativo e de
orientação”, completou.
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